Juiz que autorizou "Festival de Verão" em Cametá é esposo da deputada Paula Titan (MDB), do mesmo partido do prefeito

A deputada, o prefeito e o governador pertencem ao mesmo partido, o MDB.

Reprodução internet

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Cazuza compôs e cantou a bela canção "Codinome Beija-Flor" e trago um trecho que faço questão de lembrá-lo na introdução desta matéria: "A emoção acabou, que coincidência é o amor, a nossa música nunca mais tocou…"

A emoção sobre todo o imbróglio em relação ao "Festival de Verão", que o prefeito de Cametá, tanto lutou para que diversas bandas contratadas ilegalmente, tocassem por lá, pode não ter acabado e o evento que estava previsto para o próximo fim de semana foi cancelado pelo Desembargador Mairton Marques Carneiro, conforme noticiamos em primeira mão, na tarde desta quarta-feira, 27.

Logo após a divulgação e toda a repercussão da matéria, eis que nos chegam a informação de que o juiz Marcio Rebello, que indeferiu o pedido do Ministério Público para manter a programação do Festival de Verão, em favor do município chefiado pelo prefeito Victor Cassiano (MDB) é casado com a deputada estadual Paula Titan (MDB).

A deputada é aliada política do prefeito porque ambos são do mesmo partido e apoiados também pelo governador Helder Barbalho, o dono do MDB-PA e arrendatário da maioria dos demais partidos políticos no Pará.

Se a história sobre a política paraense ficasse até aí, tudo bem: Que coincidência é o amor, como cantou Cazuza! Ocorre que fontes do portal diogenesbrandao.com não nos deixam em paz e trouxeram a informações bombástica, que printamos e trouxemos na íntegra.

Apesar da informação enviada dizer que a promotora foi afastada, fontes do portal contestam essa versão e dizem que A remoção de um juiz ou de um promotor só ocorre a seu próprio pedido porque os dois possuem inamovibilidade. E mais:
a promotora é filha de Braselino Assunção, aliado do MDB e que goza de prestígio junto ao governador. A fonte também afirma que a promotora foi removida da comarca de Cametá para a Comarca de Tome-açú, porque é bem mais próximo de sua casa em Belém. Conclusão: a promotora teria pedido para ser removida de Cametá por sua própria vontade.

No entanto, a decisão do juíz Márcio Rebello, de manter a programação do Festival de Verão não levou em consideração que as contratações e pagamento das atrações foram feitas de forma ilegal e sorrateira, e que o prefeito agiu de má-fé e tentou enganar a justiça, pois quando foi notificado pelo MP, apressou-se em ordenar a elaboração dos contratos das bandas e seus respectivos pagamentos, agindo assim para que posteriormente, o poder judiciário alegasse - como já ocorreu - que a não realização do evento causaria um prejuízo maior ao município, pois as bandas já estariam pagas e por isso, não seria coerente cancelar a programação.

BASEADO EM OUTROS CASOS

Aprofundando-se na decisão proferida pelo juiz Márcio Rebello, de manter o festival de verão em Cametá, constatamos que ele citou dois precedentes recentes do próprio Tribunal de Justiça do Estado do Pará, datados de abril de 2023 e de julho de 2023, em que as Desembagadoras Gleide Pereira de Moura (agravo de instrumento 0806837-71.2023.8.14.0000) e Célia Regina de Lima Pinheiro (agravo de instrumento no 0810737-62.2023.8.14.0000) haviam autorizado a realização de shows festivos nos municípios de Ponta de Pedras e de Mojui dos Campos.

Logo, constata-se que o Desembargador Mairton Marques, relator do caso que cancelou o evento em Cametá, adotou posicionamento jurídico distinto dos três magistrados citados acima e cancelou imediatamente os shows em Cametá.

Ou seja, o cancelamento do Festival de Verão em Cametá abre um precedente em relação aos demais municípios, onde os prefeitos contratam shows caros, enquanto a população sofre sem o atendimento necessário e eficaz de outras demandas, como na educação, saúde, saneamento, pagamento de servidores, entre outros.

O REINO DA FANTASIA

Tudo isso só pode ser crível de estar acontecendo porque vivemos um momento político em que o coronelismo político deve ter deixando todo o "reino" contaminado do sentimento de impunidade, onde os amigos do rei, acham que podem fazer tudo e que não vai nada pega nada para quem for amigo. Como disse Maquiavél: Aos amigos os favores, aos inimigos a lei!

Só que a lei não pode estar completamente corrompida, a ponto de fazer com que todos os seus membros deste poder estejam precificados e submissos aos ditames de um grupo político familiar, que tenta ajoelhar a todos, criando injustiças sociais, políticas e econômicas, como ocorre no município de Cametá, com seu povo sofrido e que merece muito mais do que pão e circo.

Relembrando Cazuza, eis o trecho da música "Brasil", que traz o desfecho para a matéria:

Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim