Novidade no mercado: Café de açaí promete conquistar os amantes da bebida!

Segundo Nilton Akio Muto, professor e pesquisador da UFPA, foi formado um comitê envolvendo universidades, Adepará, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério da Agricultura e outros órgãos do governo para estabelecer um padrão de Identidade e qualidade para um produto inovador com origem desconhecida no mercado. Muto, que possui formação em biomedicina e doutorado pela Universidade de Hokkaido, no Japão, ressalta a importância desse trabalho colaborativo.

Produtores de grãos para bebida feita a partir do caroço do fruto estão em processo de regulamentação da produção no Estado para garantir a oferta nos próximos meses, além da exportação para outros me

Produtores de grãos para bebida feita a partir do caroço do fruto estão em processo de regulamentação da produção no Estado para garantir a oferta nos próximos meses, além da exportação para outros me

O açaí é uma fruta muito apreciada e consumida no Brasil, principalmente no estado do Pará, que é o maior produtor nacional e global dessa palmeira. Nos últimos 10 anos, a produção de açaí do Pará dobrou, tornando-o também o maior exportador do país, seguido pelo Amazonas.


Além da forma natural, a polpa é comercializada congelada para a produção de sucos; geleias, como ingredientes em cremes hidratantes e shampoos, para promover energização, como complemento alimentar e fonte de vitaminas; pó de açaí, entre outras aplicações.


Uma nova tendência tem se destacado entre os consumidores nos dias atuais: o chamado "café de açaí", uma bebida feita mediante a infusão de grãos moídos e torrados, sem a utilização da polpa. Apresenta um aroma similar ao café, porém sem a cafeína. Seu consumo está relacionado ao controle do açúcar no sangue, do colesterol e da pressão arterial.


A concepção de estabelecer um café de açaí é antiga. De acordo com histórias, caçadores de açaí que utilizavam o fruto como fonte de alimento, inspirados pela escassez de recursos e distância de um mercado de venda de café, decidiram aproveitar o tacho de farinha para preparar um café utilizando a semente de açaí. Assim, a partir desse ajuste, surgiu a inovação do café de açaí.


O estudo teve início a partir de uma solicitação feita pela Associação Brasileira das Indústrias Produtoras de açaí (ABIPA) e agricultores, em parceria com o governo estadual e instituições de ensino (UFPA, UEPA e UFRA). No ano de 2022, após um comunicado da Vigilância Sanitária, que faz parte da Secretaria de Saúde do Pará, as vendas e a comercialização do açaí foram temporariamente suspensas.


Segundo Nilton Akio Muto, professor e pesquisador da UFPA, foi formado um comitê envolvendo universidades, Adepará, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério da Agricultura e outros órgãos do governo para estabelecer um padrão de Identidade e qualidade para um produto inovador com origem desconhecida no mercado. Muto, que possui formação em biomedicina e doutorado pela Universidade de Hokkaido, no Japão, ressalta a importância desse trabalho colaborativo.


Ele afirma que o estudo se encontra em estágio avançado, com a equipe em constante diálogo com os órgãos governamentais, bem como os agricultores e os especialistas. "Acreditamos que assim que os documentos oficiais e acordos com os agricultores forem divulgados, logo veremos o produto disponível para compra. No entanto, não será rotulado especificamente como 'café'. Uma vez que a matéria-prima não é originária do cafeeiro, o que poderia causar confusão ao consumidor e violar as normas de produtos à base de café", destaca.


Fora de Belém, encontram-se diversos municípios no Pará próximos às regiões produtoras de açaí que estão esperando pela regulamentação para iniciar a produção e venda do produto, tais como Altamira, Castanhal, Itupiranga, Ananindeua, Pacajá, Parauapebas e outras localidades. Os produtores são diversos, indo desde pequenos produtores artesanais até grandes produtores industriais.


PROCEDIMENTO


O "café de açaí" é produzido através do processo de despolpamento do fruto, seguido pela etapa de secagem, torrefação e moagem do caroço. De acordo com Nilton, que trabalha no Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA), essa produção não apenas reduz os resíduos de caroços de açaí, mas também agrega valor, promove a sustentabilidade e contribui para a Bioeconomia de um subproduto subestimado que é considerado um dos maiores desafios da cadeia produtiva do açaí. O caroço de açaí é responsável por 85% da composição do fruto, sendo os outros 15% compostos pela polpa do fruto.


Por ser um item recém-lançado, o especialista acredita que ainda é possível fazer melhorias para atender de forma satisfatória tanto os clientes internos quanto externos. "É necessário investir na cadeia de produção, nos processos de manufatura e na relação com o consumidor. Os benefícios ainda estão sendo analisados. Neste estágio do projeto, nosso foco principal foi identificar as boas práticas de fabricação, promover a padronização, realizar a caracterização e avaliar a segurança ou não toxicidade do item, a fim de assegurar um consumo seguro sem apresentar riscos aos consumidores e produtores".

Fabricantes e especialistas estão em busca de normatização.

Orlando Nascimento da Silva passou a atuar como produtor de café de açaí em Pacajá e atualmente é o presidente da ABICA. Ele destaca que já se passaram dois anos desde que a Vigilância Sanitária Estadual ordenou o fechamento de 54 fábricas de café no Estado, que produziam mais de 50 toneladas mensais do produto, sendo que 70% dessa produção era destinada à exportação para diversos estados e países estrangeiros. A falta de regulamentação é um grande desafio a ser enfrentado.


"As empresas precisam se adequar às nossas leis e regulamentos, que estabelecem como o produto vai ser feito, quais as condições sanitárias exigidas, instalações, máquinas, equipamentos, tudo que tem que ser feito para um produto sair para uma rotulagem com segurança alimentar e possa circular em todo o Estado", explicou José Severino.


Severino ressaltou também que após seguir as diretrizes determinadas pelo governo, o item poderá ser submetido à análise de outras entidades de fiscalização e, eventualmente, obter a permissão para ser vendido em todo território nacional.