A gente sobrevivia, as pessoas não tinham noção do quanto doía..." Janete Oliveira
Professora Janete de Oliveira, 62 anos, solteira, mulher preta, feminista, aposentada da rede pública estadual de ensino, hoje, secretária de cultura e turismo do município de Castanhal, é mãe de três homens (Gabriel, Geraldo Neto e Guilherme) e tem orgulho de dizer que os criou sozinha.
Com uma trajetória no ensino público: ensino básico, graduação e pós-graduação, Janete conquistou uma carreira sólida, na qual a possibilitou cuidar de seus filhos de forma independente, tornando-se referência para eles como mãe e mulher guerreira, que tem hoje dois filhos professores de educação física e um engenheiro.
Uma menina preta, da periferia, tinha de tudo pra ser revoltada, pois desde criança sofreu muito bullying, pela cor da pele, pelo tipo físico e cabelo. Mas, resolveu estudar, pois sempre acreditou que assim iria conquistar seus sonhos e respeito da sociedade.
"A gente sobrevivia, as pessoas não tinham noção do quanto doía..." Janete Oliveira
Hoje, Janete se destaca na busca dos direitos e valorização da cultura e das religiões de matriz africana e sempre trabalhou dentro do movimento social negro na luta contra o preconceito racial, que a possibilitou está por algum tempo numa cadeira de titular como conselheira nacional representando o estado do Pará.
Professora Janete Oliveira enfatiza que atualmente ocupa o lugar de secretária de cultura e turismo de Castanhal como mulher preta que é:
"Eu sou literalmente a primeira mulher preta a assumir um cargo no primeiro escalão do executivo municipal de Castanhal, isso pra mim e para outras mulheres pretas é extremamente relevante."
Janete termina a entrevista incentivando às mulheres e mães negras a não desistirem de seus objetivos, estudar, buscar conhecimento sempre será a melhor opção para conquistar seu espaço afim de superar os obstáculos trazidos pelo machismo, preconceito e racismo daqueles que ainda enxergam sobre o viés da escravidão.