Uso de armadilhas ajuda combater a dengue em Mosqueiro

Uso de armadilhas ajuda combater a dengue em Mosqueiro

Desde setembro de 2021, agentes de controle de endemias do Distrito de Mosqueiro (Damos) usam armadilhas para identificação dos locais de possíveis focos do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika. O equipamento consiste num pequeno vaso, onde são depositados água, levedo de cerveja e uma paleta que se transformam em pontos ideais para as fêmeas depositarem os ovos. São 136 armadilhas instaladas e desinstaladas, em períodos semanais, por todos os bairros de Mosqueiro.

A técnica atende aos protocolos do Ministério a Saúde e vem sendo desenvolvida pela Prefeitura de Belém, por meio do Programa Municipal de Combate a Dengue no distrito de Mosqueiro, vinculado ao Departamento de Vigilância em Saúde e Departamento de Controle de Endemias, da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma).

A coordenadora do Programa no Damos, Isabela dos Anjos, informa que os resultados são positivos, pois aceleram o ritmo do controle do vetor. No primeiro trimestre deste ano, foram apenas cinco casos de suspeita de dengue notificados, mas não positivados, livrando o distrito de surto da dengue, zika e chikungunya.

Novas tecnologias substituem antigas formas de coleta
As armadilhas são novas tecnologias e substituem o antigo levantamento de índice rápido (Lira), com o agente recolhendo as amostras de larvas depositadas em ambientes com água parada como garrafas, pneus e lixo de residências, comércios e logradouros públicos.
O equipamento já vem direcionado pelo Ministério da Saúde, que se utiliza de plataformas digitais para indicar os pontos de instalação. Em Mosqueiro, cada bairro recebe uma média de dez armadilhas.

Nas ruas Jardim do Sol e Bendelack, no Ariramba, duas armadilhas foram desinstaladas na quarta-feira, 23, pelos agentes de controle de endemias Silvan José Lagoia e Mariane Monteiro da Silva. Nos dois casos, os recipientes estavam cheios de larvas do mosquito e seguiu para análise.

Ação de combate ao Aedes Aegypti animam moradores  
Mosqueiro tem grande volume de residências fechadas, algo em 70% dos imóveis nos bairros de abrangência das praias como Farol, Chapéu Virado, Murubira, por exemplo, o que impede a cobertura completa do mapeamento do controle de endemias. A sobra, 30%, é acompanhada pelos agentes.

Segundo Isabela dos Anjos, que divide as tarefas da Casa de Endemias com o diretor Raimundo Jorge Silva, além das visitações em residência em busca de casos suspeitos, os agentes ainda fazem quinzenalmente a varredura em pontos estratégicos como cemitérios, sucatarias e escolas coletando larvas para análises, numa verdadeira guerra contra a proliferação do mosqueiro Aedes Aegypti.

As donas de casa Cláudia Leal Ferreira e Regina Lúcia da Costa, moradoras do bairro do Ariramba, nunca tiveram dengue e comemoram o feito. “Aqui, abro minha casa para os agentes porque sei da importância do trabalho deles pela saúde de todos”, diz Regina. “Graças a Deus, nunca fiquei doente de dengue e sei que é resultado do trabalho dos agentes, que são bem acolhidos na minha casa”, completa Cláudia.

As armadilhas ajudam no controle do vetor Aedes Aegyti, porém, precisa da colaboração dos moradores fixos e casuais de Mosqueiro. Isabela dos Anjos explica que é importante que todos procurem manter os quintais, caixas d"água e caixas de gordura limpos, além de fazer a coleta seletiva do lixo. “Em Mosqueiro, temos cooperativas de catadores de lixo reciclável como garrafas plásticas, vidros e papelão e o morador pode acionar as cooperativas pra fazer a coleta”.

Outras ações do Programa Municipal de Combate a Dengue no Distrito de Mosqueiro dependem do resultado das análises clínicas das armadilhas de oviposição ou ovitrampas, depósitos com água estrategicamente colocados, com o objetivo de atrair as fêmeas do vetor para a postura dos ovos. Os casos com presença acima de 60% do vetor, por exemplo, representam alto risco e já sofrem interferência imediata dos agentes com ações de mutirão e palestras, além da limpeza e busca de casos suspeitos.

Abrangência – Desde abril de 2021 a Sesma executa, em Belém, a estratégia de armadilhas de Oviposição – Ovitrampas.  Elas estão distribuídas nos oito Distritos Administrativos, incluindo Mosqueiro, abrangendo os 72 bairros e a ilha de Cotijuba. A chefa da Divisão de Controle de Endemias, Walquiria Viana, explica que o objetivo da ação é avaliar a presença e distribuição do Aedes Aegypti nos distritos pesquisados, apresentando os níveis de infestação dos bairros e as áreas com maior densidade populacional.

“Esta nova metodologia tem auxiliado na redução da população de mosquitos na capital e, consequente, no combate às doenças transmitidas por esse vetor. No caso da ilha de Mosqueiro, por exemplo, não temos registros recentes de casos de Dengue, Zika e Chikungunya”, ressalta.

As Ovitrampas são depósitos de plástico na cor preta com capacidade de 500 ml, contendo uma palheta de eucatex para coletar as oviposições das fêmeas do mosquito. É realizada inspeção semanal para a instalação e recolhimento das palhetas, que são encaminhadas para o laboratório de entomologia para contagem dos ovos, com resultado quinzenal.

Para melhorar a eficiência das ovitrampas, utiliza-se como atraente o levedo de cerveja, que tem uma eficiência oito vezes maior na oviposição do Aedes em relação à água pura.

As armadilhas apresentam dois indicadores entomológicos preconizados pelo Ministério da Saúde, o Índice de Positividade de Ovo (IPO) e o Índice de Densidade de Ovo (IDO), nos seguintes níveis de infestação: maior que 40 (Índice Satisfatório); menor ou igual que 40 a 60 (Situação de Alerta); Acima de 60 (Situação de Risco).

“Identificados os locais com maior densidade de Aedes. A partir de então promovemos ações de eliminação, tratamento e controle de criadouros e, em decorrência de aparecimento de casos no raio das respectivas armadilhas, desenvolvemos o bloqueio de transmissão viral, concomitante com o pós-ovitrampas”, reforça Walkíria.

Sintomas – Para evitar a presença do Aedes Aegyti é necessária fazer a prevenção com limpeza e relatar os sintomas aos agentes de saúde. Os principais da dengue são febre com mais de dois dias, dor de cabeça e moleza no corpo. Já a chikungunya apresenta dores nas articulações e manchas avermelhadas na pele e a Zika precisa de investigação médica e exames para identificar o diagnóstico.

A Casa de Endemias/Combate a dengue é porta de acesso para denúncias sobre os casos suspeitos de dengue, focos do mosquito e para quem deseja orientações sobre a doença. A casa atua em parceria também com os agentes do Programa Municipal de Combate a Malária, Doença de Chagas e Leishymaniose.

Serviço
Casa de Endemias – Combate à Dengue
Rua Ten. Cel. José do Ó, nº 40, bairro Vila-Mosqueiro.
Contato: (91) 98432-6943
E-mail: [email protected].

Texto: Selma Amaral

Colaboração: Danielly Gomes

Fonte: Agência Belém/Foto: Ascom