Paraense pode pegar pena de morte após ser presa com cocaína

Advogado de Manuela Vitória Farias, detida com drogas na Indonésia diz que ela "foi usada" por organização criminosa de Santa Catarina. Família teme prisão perpétua ou pena de morte.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

A legislação antidrogas da Indonésia é uma das mais severas do mundo. A pena mínima prevista para quem for condenado por tráfico de entorpecentes no país é de 5 anos de reclusão, podendo chegar a 20 anos, prisão perpétua ou até mesmo pena de morte, dependendo da gravidade do crime.

Em 2015, dois brasileiros foram executados por fuzilamento na Indonésia por tráfico internacional de drogas. Marco Archer Cardoso Moreira,de 53 anos, que havia sido preso em 2003, com 13,4kg de cocaína escondidos em uma asa delta, foi executado em janeiro daquele ano. Já Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 42 anos, foi morto em maio, 11 anos depois de ter sido preso com 6kg de cocaína em uma prancha de surfe.

Diante disso, a família da paraense Manuela Vitória de Araújo Farias, de 19 anos, presa na Indonésia sob a acusação de tentar entrar no país com 3,9kg decocaína, teme uma possível condenação à prisão perpétua ou pena de morte.

Na tentativa de tentar livrar a cliente dessas punições, o advogado Davi Lira da Silva, que auxilia os familiares em Belém, alega que Manuela foi usada como "mula" por uma organização criminosa de Santa Catarina, e não sabia o que levava nas malas ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Bali, no dia 31 de dezembro.

Segundo o defensor, mesmo recebendo a promessa de que receberia aulas gratuitas de surfe em Bali, a paraense teria tentado desistir da viagem. No entanto, voltou atrás ao ser informada de que teria que quitar uma dívida de R$ 20 mil, uma vez que as passagens aéreas e as aulas já estariam pagas.

CAMPANHA DE ARRECADAÇÃO

Apavorados com a possibilidade de Manuela ser condenada à pena de morte ou prisão perpétua, a família da paraense iniciou uma campanha para arrecadar fundos para contratar um advogado no país asiático, o que custará algo em torno de US$ 50 mil. No momento, ela está sendo atendida por um defensor público.

Na última sexta-feira (27), durante uma entrevista coletiva, o chefe da polícia de Bali, inspetor-geral Putu Jayan Danu Putra, deu detalhes sobre a prisão de Manuela. Segundo ele, os agentes da Alfândega e Impostos do aeroporto de Bali já estavam atentos aos cidadãos brasileiros que desembarcaram de um voo da Qatar Airways.

Por isso, os oficiais verificaram imediatamente as bagagens trazidas pela jovem. Em uma das malas inspecionadas foram encontrados dois pacotes de cocaína, cada um com peso líquido em torno de 990 gramas e 637 gramas. Na outra, foram encontrados três pacotes de cocaína, cada um com peso líquido de 891 gramas, 711 gramas e 379 gramas.

O diretor de pesquisa de drogas da polícia de Bali, Kombes Iwan Eka Putra, afirmou que a paraense estava sendo usada por redes de tráfico de drogas brasileiras, já que ela afirmou não ter conhecimento de quais pacotes estavam nas duas malas.

"Ela é, sim, uma pessoa que é utilizada pela rede. Não podemos dizer que é uma mensageira porque não conhece a mercadoria. É apenas uma pessoa utilizada pela rede brasileira", disse Iwan.