CARNAVAL 2021

As Belas Memórias de um carnaval paraense

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Jean Negrão nasceu entre a folia. Foi no bairro da Pedreira, próximo a Aldeia Cabana, que cresceu e se encontrou com o Carnaval pela primeira vez, em um projeto social que oferecia cursos de figurino e costura. Aos 14 anos, o artista já estava atuando em uma escola de samba oficial, a Matinha.

O carnavalesco explica que para quem alimenta o Carnaval com paixão e emoção, esse ano sem desfiles e blocos nas ruas está sendo muito triste. "Nessa altura já devíamos ter começado os ensaios técnicos na Aldeia Cabana, estaríamos nos preparando pro desfile. Nosso coração fica apertado, saudoso, meio quarta-feira de cinzas. Mas temos certeza que o melhor a se fazer é descer o pano e somente ano que vem rasgar o véu", conta.

O Carnaval de 2021 vai ser diferente, com cada um curtindo da própria casa. Mais uma etapa para a história da festa que remete no Brasil ao ano de 1695, quando foi registrada a primeira notícia da manifestação em uma crônica do padre João Bettendorff. A pesquisadora Dayse Puget explica que a celebração no Pará incorpora elementos do Rio de Janeiro, mas ainda é marcada por ser construída em cima de elementos regionais.

"Dois elementos podem caracterizar peculiaridades do carnaval paraense: um deles diz respeito às sambistas, figuras femininas presentes nas antigas escolas de samba, fantasiadas de rumbeira elas faziam o delírio do público masculino. Começaram a aparecer em 1949 até que em 1978 foram excluídas. O outro elemento que se constitui como único entre todos os carnavais é o porta estandarte. Posicionado logo depois da comissão de frente e do carro abre alas, ele representa não só a tradição da sua escola como também do carnaval paraense", observa a doutora em artes.

Dayse Puget informa que preservar a tradição carnavalesca paraense é essencial, já que foi fundada na região uma das primeiras escolas de samba do Brasil, o Grêmio Recreativo Social Jurunense Rancho Não Posso Me Amofiná, em 1934. Desde essa época, o Carnaval se expandiu e várias regiões ficaram reconhecidas pelas próprias manifestações da festa, como o Bloco Pretinhos do Mangue, em Curuçá, e o de outros municípios, por exemplo o de São Caetano de Odivelas, Marapanim, Óbidos e Cametá, cada um com elementos únicos.

Assim como Jean, Adriano Furtado traz o samba no coração desde a infância, quando a mãe escutava os clássicos do Rio de Janeiro. Atualmente é rainha de bateria por meio da drag Xirley Tão, mas a primeira vez que desfilou por uma escola de samba foi há mais de 10 anos, pelo grupo Palhaços Trovadores. Entrou de fato na área em 2010, quando o projeto foi homenageado e pode ter contato pela primeira vez com a parte de montagem do desfile.

"Antes para mim tudo era apenas uma passarela, e depois desse ano eu vi a coisa mais perto. Depois disso, eu não parei mais. Sempre atuando um pouco aqui e ali e me divertindo com tudo isso, colocava minha drag para participar também. Atualmente sou rainha pelo bloco Mexe-Mexe, lá do Guamá, e é um título que eu guardo com muito amor porque aquele ambiente sempre me tratou com muito acolhimento, me abraçam enquanto artista e rainha", relata o professor.

Foto: Camila Lima/Portal Cultura

Fonte: Com Informações do Portal Cultura

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