Confira 10 atletas negros que inspiraram a muitos na luta contra o racismo

Atletas que fizeram a diferença dentro do esporte combatendo a discriminação

Reprodução internet

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O Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado nesta segunda-feira, 20 de novembro, traz à tona o debate sobre a situação da população negra no Brasil, incita a luta ferrenha por igualdade racial, promove o combate contra o racismo e evidencia a violência contra essa etnia - racismo esse que, ano após ano, ainda perdura de forma intensa nos quatro cantos do país.

Por isso, selecionamos 10 atletas negros que inspiraram milhões na luta contra a discriminação.

1) Jesse Owens

O velocista norte-americano foi o primeiro atleta na história a vencer quatro ouros numa mesma Olimpíada. Owens venceu os 100 e 200 metros rasos, o salto em distância e o rezevamento 4�-100.

Mas isso não aconteceu em uma edição qualquer de Jogos Olímpicos, mas sim nos Jogos de 1936, em Berlim, dentro da Alemanha Nazista, diante de Adolf Hitler.

O atleta chocou não só alemães, mas também os americanos, que à época viviam sob fortes leis segregacionistas.

Sua história virou um filme, chamado "Raça". Veja as incríveis imagens de Owens sendo campeão Olímpico no vídeo abaixo.

2) Tommie Smith e John Carlos

Falando em Estados Unidos, vamos voltar ao ano de 1968, no auge da luta racial no país. Malcolm X havia sido assassinado há três anos e Martin Luther King meses antes dos Jogos Olímpicos da Cidade do México.

O americano Tommie Smith venceu os 200 metros rasos, sendo o primeiro atleta a correr abaixo dos 20 segundos, e John Carlos ficou com o bronze na mesma prova. No pódio, ao invés de olharem para a bandeira e cantarem o hino, os atletas abaixaram a cabeça e ergueram o punho fechado, sinal do Movimento dos Panteras Negras, organização criada para combater a violência policial nos bairros negros.

Mais de 40 anos depois, essa ainda é uma das imagens mais emblemáticas da história do esporte.

3) Aída dos Santos

Hora de falar um pouco do Brasil e das mulheres. Aída dos Santos era negra, pobre, moradora da comunidade Morro do Arroz, em Niterói.

Aída foi a única mulher na delegação brasileira e única do atletismo nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964. É, portanto, uma pioneira.

Sozinha, não tinha treinador, não tinha uniforme e nem material para competir. Apesar disso, a atleta se classificou para a final e terminou na quarta colocação do salto em altura, sendo a melhor colocação de uma mulher brasileira em uma prova individual da Olimpíada até o ouro de Maurren Maggi em 2008. Aída ainda disputou os Jogos de 1968, na Cidade do México, desta vez no pentatlo.

É mãe de Valeskinha, que conquistou o ouro em Pequim-2008 com a seleção feminina de vôlei.

4) Lewis Hamilton

Primeiro e único corredor negro na Fórmula 1, e nada menos do que sete vezes campeão mundial na categoria.

O inglês Hamilton é considerado por muitos o maior nome da história do automobilismo. Em 2020, ultrapassou a marca de vitórias de Michael Schumacher, algo que poucos acreditam ser possível. É também o segundo piloto mais jovem a se tornar campeão do mundo na categoria. Na última renovação de contrato, em 2018, Hamilton se tornou o piloto mais bem pago da história da Fórmula 1.

O inglês já sofreu alguns casos de racismo durante a carreira e questiona a diferença de tratamento dada pela imprensa britânica a ele e a outros pilotos conterrâneos. Hamilton também já criticou várias vezes a falta de diversidade no grid da F1. Após a morte de George Floyd, foi às redes sociais cobrar um maior posicionamento dos outros pilotos nas questões raciais, visto que era o único que tinha se manifestado sobre a violência policial. "A injustiça que vemos com nossos irmãos e irmãs de todo o mundo, o tempo todo, é desprezível e precisa parar", diz ele.

5) Muhammad Ali

Considerado por muitos o maior boxeador de todos os tempos. Ali foi campeão mundial na categoria peso-pesado, campeão Olímpico na categoria meio-pesado e, no boxe profissional, fez um total de 61 lutas com 56 vitórias e apenas 5 derrotas.

Nascido Cassius Clay, o atleta se tornou Muhammad Ali ao se converter ao islamismo. O boxeador se filiou à organização conhecida como Islâmicos Negros, que lutava pelos direitos dos negros norte-americanos. Em 1967, Muhammad Ali se recusou a lutar na Guerra do Vietnã, ficou impedido de competir no boxe por três anos e teve retirado seu cinturão dos pesos-pesados.

6) Serena Williams

Serena é, dentre todos e todas as tenistas em atividade, a atleta que detém mais Grand Slams somando simples, duplas e duplas mistas.

É também a terceira tenista a permanecer por mais semanas na liderança do ranking mundial.

Além disso, conquistou quatro ouros Olímpicos, três nas duplas e um no simples. Serena Williams é a tenista feminina que mais arrecadou em prêmios na história. Ela possui um aproveitamento de 85% de vitórias na carreira, tendo jogado mais de 1.200 partidas.

Serena é ativista de várias iniciativas junto às comunidades negras e apoia o movimento Black Lives Matter.

7) LeBron James

Atualmente, o principal nome da NBA. Considerado por muitos como o sucessor de Michael Jordan, LeBron é influente na liga de basquete desde a sua estreia em 2003. Dono de três anéis de campeão da NBA e dois ouros Olímpicos, James coleciona feitos dentro e fora das quadras.

LeBron foi o primeiro negro, e terceiro homem na história, a ser capa da revista Vogue. O atleta possui uma fundação chamada LeBron James Family Foundation, sediada em Akron, Cleveland. Em 2015 firmou uma parceria com a Universidade de Akron para prover bolsas de estudos para até 2300 jovens a partir de 2021. Em 2018, a fundação, junto com a prefeitura de Akron criou a I Promise School, uma escola que além de ensinar, ajuda a combater a evasão escolar.

De acordo com Lebron, a criação da escola foi a maior conquista de sua vida. O jogador já afirmou em diversas ocasiões que acredita ser necessário usar de seu status para se posicionar e atrair olhares para as causas raciais e humanitárias.

Veja na foto abaixo que o jogador vestiu uma camisa com a mensagem "não consigo respirar", frase repetida por George Floyd enquanto era assassinado pelo policial nos Estados Unidos.

8) Formiga

Se alguém falar de Miraildes Maciel Mota, talvez você não conheça. Mas com certeza já ouviu falar da Formiga. Incluindo homens e mulheres, é a única pessoa a ter participado, como atleta, de sete Copas do Mundo.

Foi duas vezes vice-campeã Olímpica e uma vez vice-campeã mundial de futebol.

Atualmente atleta do PSG, na França, Formiga deu uma entrevista ao Portal Notícia Preta, em 2019, em que afirmou: "Sempre quando posso tenho conversas com as meninas, principalmente no Brasil, em relação ao racismo. Só o fato de ser negra e nordestina (Bahia) já se sofre um preconceito muito grande, com certeza. E, sem dúvida, tratando-se de mulher e negra em qualquer área de trabalho há olhares tortos. Vejo poucas mulheres, poucos técnicos também negros no comando, é um absurdo. Eu condeno totalmente pessoas que agem desta forma", disse ela.

9) Colin Kaepernick

Talvez o personagem de menos sucesso esportivo da lista. Kaepernick foi escolhido para jogar futebol americano na NFL pelo San Francisco 49ers na temporada de 2011. Promissor, logo na segunda temporada levou a equipe à disputa do Superbowl, tendo sido derrotado na ocasião. As ótimas atuações fizeram com que o atleta em 2014 assinasse uma renovação de 6 anos e que poderia chegar aos 126 milhões de dólares ao final do contrato.

Em 2016, após uma série de lesões, Kaepernick entrou em rota de colisão com a NFL. Durante o hino nacional norte-americano, o jogador se ajoelhou como forma de protesto ao genocídio negro. Apesar de ter sido multado pela liga, o atleta fez isso durante todos os jogos da temporada.

Mesmo sendo considerado talentoso, Colin Kaepernick segue sem jogar desde 2017. Algumas pessoas afirmam que a ausência de emprego se deve a um boicote racial por parte dos donos dos times. Participante ativo de causas sociais como o Black Lives Matter, Kaepernick também contribuiu financeiramente em prol da luta contra a COVID-19.

10) Lilian Thuram

Defensor versátil, atuou com excelência no futebol tanto como zagueiro como lateral direito. Thuram jogou por 17 anos profissionalmente, sempre em clubes de primeira divisão, na França, Itália e Espanha. Pela seleção francesa, venceu a Copa do Mundo em 1998 e a Eurocopa em 2000.

Ainda enquanto jogador, Thuram já demonstrava um engajamento político e social. É embaixador da UNICEF, já publicou livros sobre o racismo (veja abaixo) e comanda uma fundação que luta contra o preconceito.