Ambulantes do comércio amargam prejuízos após incêndio

Ambulantes do comércio amargam prejuízos após incêndio

Ana Laura Costa

Passados cinco dias após o incêndio que destruiu duas lojas situadas na rua 15 de Novembro, no centro comercial de Belém, os ambulantes e lojistas que trabalham na área sentem o impacto negativo nas vendas, além de desconfortos causados pelo mau cheiro da combustão.

Em nota, a Prefeitura de Belém explica que, por considerar o risco de desmoronamento dos imóveis, embasado nos laudos de vistoria técnica realizada pela Comissão Municipal de Defesa Civil e pelo Corpo de Bombeiros, a via segue interditada nesta terça-feira (18). Ainda de acordo com informações da prefeitura, cinco imóveis foram atingidos pelo incêndio, sendo dois deles com perda total e três com perdas parciais.

A princípio, para as duas lojas que sofreram perdas totais, os laudos sugerem demolição, já que as estruturas que restaram apresentam risco de desabamento. Os pareceres são entregues, via ofício, ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e à Fundação Municipal de Cultura (Fumbel). Após análise, o Departamento de Patrimônio Histórico da Fumbel ainda vai elaborar um parecer técnico autorizando ou não a demolição. Ainda não há data prevista para ser finalizado.

Para não ficar sem trabalhar, o ambulante Antônio Monteiro, 56 anos, atravessou a rua e montou sua barraca em frente ao Banco do Brasil, na rua 15 de novembro. O ponto improvisado não tem dia para ser desfeito. “Eu vim para cá hoje, tudo para não ficar sem fazer nada. A maioria dos ambulantes que trabalhavam em frente às lojas que sofreram o incêndio veio para cá. A movimentação de vendas ainda está fraca”, disse.

A queda nas vendas também é uma reclamação de Ronaldo Santos, 49. O ambulante, que trabalha há 6 anos no local, comentou que o movimento está fraco e, parte disso, se dá pela interdição da 15 de novembro com os seguintes trechos: travessa Padre Eutíquio, rua Oriental do Mercado, travessa Frutuoso Guimarães e Boulevard Castilhos França. “A circulação de pessoas ainda não está normal, isso influencia nas vendas, com certeza. Aí o movimento ainda está fraco, mas graças a Deus, não tive nenhuma perda, é o que importa”, afirmou.

Os trabalhadores da área também enfrentam outro mal-estar: o cheiro forte de combustão que ainda paira pelo ar. Segundo o lojista Tomaz Pires, 50, após o incêndio, ocorrido na quinta-feira (13), trabalhar na loja só era possível com máscara facial. “Só hoje que consegui ficar sem máscara, mas o cheiro ainda está forte. Esses dias todos não tinha como não se incomodar com o cheiro e toda a poeira”, contou.

Já na rua João Alfredo, estão situados os imóveis que sofreram perdas parciais e não oferecem risco de desabamento. Conforme a vistoria técnica constatou, as edificações apresentam rachaduras por conta das chamas e do calor excessivo.

Uma das lojas é a Mega Modas, que já estava com tudo encaminhado para ser inaugurada ainda esta semana, segundo conta o fiscal de loja, Samuel Silva, 50. “Já estávamos começando a arrumar o salão para a inauguração, o estoque estava todo arrumado”, revelou.

Samuel estava no local no dia do ocorrido e diz que a loja não teve muitas perdas materiais, mas na hora do susto, para retirar todas roupas do estoque que fica no primeiro andar, os funcionários precisaram fazer um buraco no teto. “A parede de trás da loja ficou toda queimada, teve rachaduras. Parte do telhado foi danificado. Com o calor e a fumaça, quebramos o teto para retirar o estoque rapidamente. Mas ninguém ficou ferido, graças a Deus. Agora os bombeiros já avaliaram e liberaram. No início do próximo mês tudo voltará ao normal ”, relatou.

Quem não teve a mesma sorte foi a ambulante Maria Roseliane, 57. Há 28 anos Maria trabalha na João Alfredo e na última quinta-feira, viu sua barraca desmoronar. “A lona já havia sido destruída por conta dos resquícios de fogo, né? A estrutura foi demolida porque os bombeiros tiveram que entrar aqui para dar suporte à loja que pegou fogo aos fundos. Graças a Deus consegui salvar todas as roupas, não tive perdas nesse sentido. Mas estou trabalhando no improviso, espero ao menos uma nova barraca”, destacou.