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ONU indica general do Brasil para chefiar missão na República Democrática do Congo


O anúncio foi feito nesta quarta-feira (4), em Nova York, pelo secretário-geral da organização, o português António Guterres. Nos moldes em que está, a Monusco existe desde 2010. A ONU, no entanto, atua na nação africana desde o final da década de 1990.

O Conselho de Segurança da ONU, órgão máximo das Nações Unidas e responsável por renovar de forma periódica a operação, atribuiu à Monusco dois objetivos principais: proteger civis e apoiar instituições públicas e grandes reformas de governança e segurança no país.

Um dos principais pontos de preocupação é a atuação do grupo rebelde tutsi M23, que em junho passado capturou a cidade de Bunagana, na fronteira com Uganda, e intensificou seus ataques.

Estimativas do último mês de julho mostram que 14 mil militares atuam na missão. Eles vêm, em sua maioria, de países como Paquistão (2.000), Índia (1.900), Bangladesh (1.600) e África do Sul (1.200).

O Brasil, ainda que não esteja entre os países com maiores efetivos enviados, tem protagonismo. Antes de Miranda Filho e Affonso da Costa, a Monusco foi chefiada por Carlos Alberto dos Santos Cruz, entre 2013 e 2015 –ele também atuou no Haiti, entre 2007 e 2009. Em partes, a atuação catapultou a figura de Santos Cruz, que foi ministro-chefe da Secretaria de Governo na gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Segundo o comunicado da ONU, Miranda Filho é comandante militar na Amazônia, onde coordena estrutura logística que fornece suporte a dezenas de organizações militares. Antes, chefiou a área de assuntos internacionais das Forças Armadas, foi chefe do gabinete do Comando Militar do Planalto e adido militar na embaixada do Brasil na China.

Em guerra quase que constante desde que conquistou a independência da Bélgica, em 1960, a RDC convive com outros tipos de tensão além da étnica, como a disputa em torno do coltan, mineral usado em produtos eletrônicos, como aparelhos celulares.

O país é um dos que apresenta maior fluxo de migrantes para o Brasil, muitos em busca de refúgio. Em 12 anos, de 2010 a 2021, 2.015 congoleses foram registrados no Brasil. O assunto ganhou notoriedade após o assassinato de Moïse Mugenyi Kabagambe, jovem negro espancado até a morte no Rio de Janeiro no início do ano passado.

Ao lado do Brasil e da Indonésia, a República Democrática do Congo também trabalha em uma cooperação para a proteção de florestas.

A Monusco, ao longo do último ano, foi alvo de protestos de civis. Em julho, três militares da missão e 12 manifestantes morreram em atos que acusavam a missão da ONU de ineficácia diante de grupos armados ativos no leste do país há quase três décadas. Manifestantes saquearam e destruíram instalações da Monusco em Goma. A ONU disse que o ato poderia configurar crime de guerra e abriu uma investigação.

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