A Polícia Civil do Pará concluiu na última sexta-feira, 30, o inquérito que investiga o naufrágio da lancha Dona Lourdes 2, que deixou 22 mortos ao afundar no dia 8 de setembro próximo da Ilha de Cotijuba, na Grande Belém, depois de sair de Cachoeira do Arari, no Marajó.
O documento já foi remetido ao Poder Judiciário, e os autos enviados ao Ministério Público, para que seja oferecida a denúncia contra o comandante da embarcação, Marcos de Souza Oliveira, que foi indiciado por homicídio com dolo eventual.
De acordo com o advogado criminalista Marco Pina, que trabalha na defesa da família de duas vítimas do naufrágio, o inquérito foi distribuído para a 2ª Vara do Tribunal do Júri de Belém, que tem como titular a juíza Sara Castelo Branco.
Pina explicou que os autos foram enviados ao Ministério Público para oferecimento de denúncia. "O próximo passo é o promotor oferecer a denúncia contra o Marcos Oliveira. E aí volta, a juíza determina a citação do acusado, para que no prazo de dez dias, através do advogado, seja apresentada uma resposta à acusação", explicou o criminalista.
Após este processo, será marcada a audiência de instrução e julgamento, na qual serão ouvidas as testemunhas arroladas pelo Ministério Público, que poderão ser as vítimas sobreviventes. "A minha expectativa é para que o Ministério Público denuncie o Marcos, na imputação do homicídio por dolo eventual, referente às 22 vítimas mortas até agora", declara o criminalista.
Ainda segundo ele, dentro do inquérito policial, mais de 60 pessoas foram ouvidas, diversos depoimentos coletados, além de provas, que levaram a Polícia Civil a indiciar Marcos Oliveira pelo crime de homicídio com dolo eventual, no qual a pessoa prevê que suas atitudes podem resultar na morte de outra. Contudo, mesmo assim, prossegue com a ação, assumindo o risco de matar.