Quando Thiago Coelho foi oficialmente anunciado como reforço do Paysandu, boa parte da torcida bicolor comemorou como se fosse uma vitória sobre o maior rival. O Papão tirou o goleiro do Baenão, num ano em que o intocável Vinícius ficou alguns jogos fora por causa de uma lesão. As boas atuações chegaram a criar movimentos que pediam Coelho como titular. Depois de três temporadas no Leão Azul, o goleiro queria mais oportunidades de estar em campo e ele sabia que com Vinícius em forma isso seria muito difícil. Com raízes fincadas em Belém, ele viu a possibilidade de vestir a camisa bicolor como a chance que esperava, mas até virar titular absoluto ele teve vários percalços.
Faltando quatro dias para a estreia na temporada, Thiago se machucou e, ao ficar um tempo em recuperação, perdeu espaço e viu Elias Curzel assumir o posto de titular e sair-se bem. E foi assim durante quase todo o Campeonato Paraense, com Thiago atuando em apenas uma partida em que foi utilizado um time reserva e, na ocasião, mal teve trabalho. De fora, ele viu aos poucos o time cair de rendimento e o setor defensivo ser muito criticado. Entre os motivos de reclamação estava Curzel, que a torcida passou a apontar como culpado de alguns gols.
A chance, por opção do técnico Márcio Fernandes, veio finalmente no segundo Re-Pa decisivo do Parazão. O Paysandu venceu por 3 a 1 com uma das melhores atuações do ano, mas não suficiente para evitar a perda do título, já que na partida de ida o Leão Azul havia vencido por 3 a 0. Ainda assim, a equipe saiu com a moral em alta e com um voto de confiança da torcida, que viu em campo uma amostra do que espera ver no Campeonato Brasileiro.
"Estou orgulhoso do nosso grupo, pois lutamos até o último minuto e não desistimos de honrar vocês (torcedores). Juntos e unidos, mostramos a nossa força. Esse tem que ser nosso espírito para a Série C. Com vocês do nosso lado, tenho certeza que vamos colher coisas boas em 2022", escreveu o goleiro em sua conta pessoal no Instagram após a vitória.
Thiago e os companheiros verão de camarote a primeira rodada da Série C e terão que esperar uma semana para entrarem em campo. O Paysandu só entra em campo pelo Brasileirão no dia 17 de abril, contra o Atlético-CE, em jogo válido pela segunda rodada. A partida será na Arena do Município Verde, em Paragominas, pois o clube foi punido pela Justiça Desportiva com a perda de dois mandos de campo.
Até lá, a equipe deve ser significativamente diferente do que terminou a competição estadual. Além da chegada de novos reforços e alguns jogadores estão lesionados. Destes, dois correm o risco de nem jogarem mais na temporada por causa de cirurgias. O volante Bileu sofreu lesão ligamentar no joelho direito, com prazo de recuperação de oito a nove meses; já o meia, e principal jogador da equipe, Ricardinho, tem lesão de tendão no tornozelo esquerdo e deve ficar de quatro a seis meses em tratamento.
A seguir, em entrevista exclusiva ao Bola, Thiago fala de sua chegada à Curuzu, a relação com a torcida, a lesão, a espera pela estreia e o que deve vir no Campeonato Brasileiro.
Você considera esse Re-Pa como sua verdadeira estreia com a camisa do Paysandu e pode ser um marco em sua passagem pelo clube?
R Sem dúvida esse Re-Pa foi a minha estreia pelo Paysandu. O clássico é sempre mais especial e vivenciar isso dentro de campo é inexplicável. Ainda mais em uma final de campeonato, com a Curuzu lotada. Foi realmente inesquecível e um marco na minha passagem por aqui, assim como na minha carreira.
P A torcida sempre se mostrou muito receptiva à sua presença, mesmo quando não havia críticas a Elias. Te surpreendeu essa boa recepção, já que viestes do maior rival?
R Me surpreendeu o tamanho do carinho que recebo do torcedor! Minha travessia foi realmente por busca de maiores oportunidades e a torcida entendeu isso. Eles sabem que vou dar o meu sangue para conquistar os objetivos por aqui.
P Depois da lesão dois dias antes da estreia no Parazão, da recuperação e paciência até voltar a ter chance, a motivação para jogar essa Série C aumentou mais ainda?
R Essa lesão foi muito difícil para mim, por conta do tamanho da vontade que tenho de ajudar o Paysandu. O departamento médico conta com profissionais muito competentes e tive uma ótima recuperação. Paciência, perseverança e muito, muito trabalho, são virtudes que devemos ter, então sempre me dedico ao máximo. A maior motivação é saber que vestimos uma camisa de um clube gigantesco e tenho a oportunidade de fazer história aqui.
P O primeiro tempo da quarta-feira tem que ser o exemplo a ser seguido para a temporada?
R Claro que foi uma partida atípica, pois tínhamos que buscar um resultado elástico, mas serviu de aprendizado. Se entrarmos sempre com esse espírito, vamos conseguir grandes resultados e fazer uma grande Série C.
P O que foi conversado após o jogo de ontem, já projetando a Série C?
R Após o jogo foi um mix de sentimentos. Mas saímos todos de cabeça erguida, felizes e orgulhosos de toda a trajetória que fizemos até aqui. Agora é foco total na Série C. Sabemos que estamos buscando o melhor caminho para conquistar o acesso, que é nosso maior objetivo e não vamos medir esforços para isso.
P Essa semana a mais até a estreia pode servir também como uma forma de deixar para trás o Parazão?
R O Estadual já ficou para trás após o apito final do último jogo. Essa semana antes servirá para trabalharmos ainda mais e fazer uma grande estreia no Brasileiro. Tenho certeza que o Márcio (Fernandes, técnico) vai saber usar muito bem esse tempo. Estou confiante que grandes coisas estão por vir ainda esse ano para o Paysandu.
"Paciência, perseverança e muito, muito trabalho, são virtudes que devemos ter, então sempre me dedico ao máximo. A maior motivação é saber que vestimos uma camisa de um clube gigantesco e tenho a oportunidade de fazer história aqui", Thiago Coelho, goleiro bicolor
por LIG News