Ciência e Saúde

'Nada está sendo escondido dos Estados Unidos', diz diretor-geral da OMS sobre pandemia de Covid-19

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Tedros Adhanom Ghebreyesus refutou diretamente acusações do presidente americano, Donald Trump, de que a entidade escondeu informações sobre a Covid-19. Em discurso que lembrou de suas origens, na Etiópia, diretor-geral pediu que vítimas da doença não fossem vistas como números. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus

Fabrice Coffrini / AFP

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, refutou diretamente acusações do presidente americano, Donald Trump, de que a entidade encobriu informações sobre a pandemia de Covid-19.

Tedros disse que, como a organização trabalha diretamente com membros do CDC (espécie de Anvisa americana), alguns deles na própria OMS, nunca houve encobrimento de informações pela entidade.

"A presença de funcionários do CDC significa que, desde o primeiro dia, nada está sendo escondido dos Estados Unidos", disse o diretor-geral da OMS.

Na semana passada, Trump anunciou que retiraria a verba americana da organização, sob acusações de que a entidade havia ocultado informações dos Estados Unidos sobre a gravidade da pandemia. No dia seguinte, Tedros lamentou a decisão do presidente americano, mas ainda não havia se referido diretamente ao assunto.

Nesta segunda (20), durante coletiva em Genebra, o diretor-geral da OMS afirmou que, ao contrário do que disse Trump, a entidade informou sobre o perigo da doença desde o início. Quase 168 mil pessoas morreram por Covid-19 até agora em todo o mundo, segundo monitoramento da universidade americana Johns Hopkins. Só nos Estados Unidos são mais de 40 mil vítimas.

"Temos alertado, temos alertado. Desde o primeiro dia", disse Tedros.

Vítimas não são números, diz diretor-geral

20 de abril: agente do Ministério da Saúde da Etiópia mede a temperatura de uma menina em Addis Abeba para tentar conter a disseminação do novo coronavírus.

Michael Tewelde / AFP

Tedros lembrou, em sua fala, da sua própria origem para falar do combate à pandemia. Primeiro africano a comandar a OMS, ele é etíope e nasceu em Asmara, na Eritreia (que então pertencia à Etiópia). Ambos os países estão na lista das Nações Unidas de menos desenvolvidos do mundo.

Antes de chegar à OMS, em 2017, Tedros foi ministro da Saúde e de Relações Exteriores da Etiópia. Quando era criança, perdeu um irmão mais novo, morto por uma doença não diagnosticada, possivelmente sarampo.

"Esta é uma tragédia que já está afetando muitas famílias", disse o diretor-geral sobre a pandemia. "Eu vejo a tragédia que pode cair sobre uma família. Eu vejo e sei. Falo com experiência em primeira mão. Eu sei o que significa perder um irmão na infância. Posso contar todas as tragédias que já vi. Portanto, não escondemos informações", disse.

15 de abril: trabalhadores colocam o caixão de uma vítima de Covid-19 na cova em um cemitério em Jacarta, na Indonésia.

Bay Ismoyo/AFP

''Vamos considerar aqueles que estão morrendo como indivíduos. Eles não são números ou estatísticas. Vocês sabem de onde eu venho. Eu conheço a guerra. Eu conheço a pobreza. Eu conheço a doença. Eu sei como as pessoas sofrem em nossas condições. Eu sei como as pessoas são mortas por causa da pobreza", afirmou.

Tedros criticou o "problema político" que alimenta a pandemia: "está alimentando as divisões entre as pessoas. A solução que nós propomos? Precisamos de união nacional. União nacional forte. Todos combatendo esse vírus. Tomando conta de nossos cidadãos, de pessoas reais", pediu.

"Sem união nacional, sem solidariedade global, acreditem em nós, o pior ainda está por vir. Centenas de milhares morrendo é sério".

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