Saúde

Trombose é uma das maiores causas de mortes no mundo

Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose acende alerta para a doença, que acomete mais de 180 mil pessoas anualmente no Brasil.

 Uma em cada quatro mortes no mundo está relacionada às complicações causadas pela trombose. | Reprodução
Uma em cada quatro mortes no mundo está relacionada às complicações causadas pela trombose. | Reprodução

or, vermelhidão, sensação de calor, inchaço e rigidez na musculatura podem ser sintomas de uma das complicações de saúde mais letais no mundo: a trombose. Angiologistas e cirurgiões vasculares alertam para a necessidade de estar atento a esses sintomas e procurar orientação médica em caso de suspeita da doença.

De acordo com a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH), uma em cada quatro mortes no mundo está relacionada às complicações causadas pela trombose. No Brasil, dados recentes da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) estimam a ocorrência de 180 mil novos casos anuais. No Brasil, 16 de Setembro é o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose.

O cirurgião vascular do Hospital Ophir Loyola (HOL), Paulo Toscano, explica que a trombose decorre da formação de coágulos, que podem obstruir vasos sanguíneos. Ainda segundo o médico, outros fatores dificultam a circulação de retorno, responsável por levar o sangue de volta ao coração. "Um dos fatores que prejudicam o retorno venoso é a trombose. Mas não é a única causa ou fator: as veias dilatadas e tortuosas (chamadas varizes) ou o mau funcionamento das válvulas venosas profundas também dificultam esse fluxo. Vale a pena frisar que, no seu processo de resolução, uma trombose pode deixar como sequela a disfunção nessas válvulas venosas, e levar ao aparecimento de varizes", informa o médico.

Sintomas - A dor e o inchaço na área afetada são sintomas frequentes de quem pode estar com trombose. Mas os especialistas atentam ainda para outros fatores clínicos. "Há mudança de coloração da pele. Os vasos venosos do lado afetado ficam mais salientes, e a musculatura fica empastada, similar a uma esponja encharcada, tornando-se pesada na palpação. Mas, há tromboses pouco sintomáticas, ou mesmo sem sintomas, e que passam sem o diagnóstico. No caso da trombose nas veias, o grande risco é o coágulo se desprender, caindo livre na circulação venosa, chegando até os pulmões", ressalta Paulo Toscano.

As tromboses ocorrem com maior frequência nas veias dos membros inferiores. Os coágulos, quando desprendidos, provocam a embolia pulmonar, que pode ser fatal. Outra consequência com potencial de gravidade é a insuficiência venosa dos membros inferiores, que pode acarretar o aparecimento de úlceras nas pernas.

No Hospital Ophir Loyola, Paulo Toscano atende pacientes oncológicos, que por conta dos tumores ou do tratamento estão mais suscetíveis a complicações da doença. "Pacientes com câncer apresentam condições que favorecem a formação anormal desses coágulos. Seja pela biologia do próprio tumor (alguns secretam substâncias favorecedoras da trombose, ditas pró-coagulantes), ou por características do próprio tratamento, como quimioterapia, radioterapia, hospitalização prolongada e o perfil das cirurgias oncológicas", afirma o médico.

Trombose e câncer - Alguns tumores estão mais relacionados ao aparecimento de coágulos na circulação sanguínea. Os cânceres no pâncreas, estômago e cérebro são considerados os de risco mais elevado. Mas a presença de metástases - quando as células cancerígenas se desprendem do tumor principal e atingem novos órgãos e tecidos -, também aumenta o risco de Tromboembolismo Venoso (TEV), por se tratar de doença em estádio mais avançado. "Sabe-se hoje que, depois da progressão da doença, a segunda maior causa de óbito nos pacientes oncológicos é o Tromboembolismo Venoso. Entretanto, é alentador o fato de que o problema é passível de prevenção e de tratamento eficazes, em parte graças ao avanço de anticoagulantes modernos já validados para o uso nos pacientes do câncer", explica o angiologista.

Idosos têm maior prevalência para desenvolver trombose, uma vez que, por conta da idade, as paredes venosas podem ficar menos resistentes, favorecendo a dilatação da veia e a redução da velocidade do fluxo sanguíneo. Mas há outros grupos de risco, como as pessoas que passaram por procedimentos cirúrgicos, traumatismos, imobilidades, infecções graves ou que foram acometidas pela Covid-19. Obesos, fumantes e sedentários também devem manter-se atentos.

Diagnóstico e tratamento - O diagnóstico da trombose é feito por exames de imagem. O mais comum é o Ultrassom com Doppler Vascular, método não invasivo e indolor. Mas a análise do quadro clínico do paciente também pode ser feita por meio da angiotomografia e a angioressonância, que são úteis para estudo da cavidade abdominal ou pélvica. Existe ainda a flebografia, exame que usa meio de contraste e envolve a punção direta de veias profundas, como um cateterismo.

"Exames de imagem podem ser feitos em ambiente de consultório e testes clínicos estabelecem o grau de suspeição, mas precisam ser confirmados por exames objetivos, sobretudo porque o tratamento com os anticoagulantes não é isento de riscos de hemorragia. Portanto, é fundamental estar embasado em dados objetivos. No caso dos pacientes oncológicos, por exemplo, que já estão enfraquecidos pela doença, é muito importante ter o diagnóstico confirmado", ressalta Paulo Toscano.

A prevenção à trombose no ambiente hospitalar envolve a adoção do uso de anticoagulantes em dose específica para profilaxia, uso de meias elásticas de compressão graduada, que devem ser indicadas por um especialista, pois auxiliam no bombeamento do sangue, diminuindo o acúmulo de sangue nos membros inferiores, controlando edemas e amenizando desconfortos. A fisioterapia no ambiente hospitalar tem um papel importante na prevenção.

Já os tratamentos incluem visita regular ao cirurgião vascular e ao angiologista, e uso de medicamentos anticoagulantes. A duração depende exclusivamente da avaliação médica individualizada. Procedimentos cirúrgicos também podem ser adotados.

"É importante combater a obesidade e o sedentarismo, e evitar posturas estáticas por período prolongado. Já existem modelos de meia de compressão graduada próprias para a prática esportiva. Para aqueles que já tiveram um episódio de trombose, independentemente da gravidade, lembre-se que o risco de uma nova trombose é maior do que o da população geral. Logo, façam o acompanhamento com um especialista, a fim de estabelecer as estratégias adequadas de prevenção", recomendou o médico do HOL.

Fonte: DOL

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