Nova novela

A atriz paraense Ana Miranda está no elenco do 'Mar do Sertão'

Ana Miranda vai viver a Ismênia, em Mar do Sertão (Divulgação)
Ana Miranda vai viver a Ismênia, em Mar do Sertão (Divulgação)

É na rua Curuçá, do bairro Telégrafo, em Belém, que começa a história da atriz paraense Ana Miranda, que viverá Ismênia na nova novela das 18h, Mar do Sertão, exibida pela Rede Globo, com estreia prevista para a próxima segunda (22). A artista deu entrevista exclusiva para O Liberal e recordou das etapas que vem trilhando nessa jornada no meio da arte. Recordou da época que precisou dormir no terminal rodoviário de São Paulo, por falta de moradia, e quando se alimentava do lixo, por falta de comida.

Hoje, a Ana se diz feliz em olhar para trás e ver todos os obstáculos vencidos. A personagem Ismênia é a 'faz-tudo' da fazenda Palmeiral e, na trama de Mário Teixeira, é casada com Catão, vivido pelo ator Déo Garcez.

1. Ana, me fala um pouco do teu lugar, em Belém do Pará.

Eu sou do bairro do Telégrafo, lá da rua Curuçá, onde tenho amigos e familiares até hoje. Eu vivi direto em Belém até os 17 anos, depois disso me mudei para São Paulo, mas todos os anos eu retorno à minha cidade. Esse cenário só mudou um pouco nesse período de pandemia, que não pude ir. Mas eu amo minha cidade.

2. Como começou a tua trajetória na arte?

Esse contato com a atuação começou na escola e depois foi percorrendo por outros lugares. Na adolescência comecei a fazer parte do Centros de Estudos e Defesa dos Negros do Pará (Cedenpa), onde participava do grupo de teatro. Aos 14 anos, me apresentei pela primeira vez no Theatro da Paz e, nesse momento, soube que queria viver da arte.

3. Recorda um pouco de como foi a tua saída de Belém em busca desse sonho de trabalhar com a arte.

Pois é, esse sonho começou ainda na adolescência, mas a minha mãe não queria que eu fosse atriz, pois se nós temos dificuldade ainda hoje com a profissão, imagina há 20 anos. Portanto, a minha mãe não queria mesmo e como em Belém eu estava totalmente envolvida neste meio, ela achou uma forma de me tirar da cidade e começou a falar na possibilidade de me mandar morar em São Paulo, na casa de uma amiga dela.

Nesse momento, eu usei a inteligência e demonstrei para ela que não queria, pois na hora enxerguei a possibilidade de ficar mais parte do centro cultural do país, mas eu não podia demonstrar que estava feliz com a ideia e fingia que não queria. E deu certo, porque ela me mandou para São Paulo, para morar na casa dessa amiga dela.

4. Tu começaste no teatro, mas conta como foi essa transição para a televisão e para o cinema?

Por muito tempo da minha carreira eu só queria fazer teatro, eu não queria saber de televisão. Mas em 2001, vim para o Rio de Janeiro, onde comecei a estudar cinema e as coisas começaram a cair de paraquedas. Fiz parte do grupo "Nós no morro", no Vidigal, e começaram a surgir as oportunidades. Fiz participação no filme Cazuza, atuei no "Melhor amor do mundo", de Cacá Diegues, no curta "Meu Guri". E o cinema foi a ponte para entrar na televisão. Em 2004, passei no teste na Globo para o Linha Direta, mas o primeiro contrato foi em 2009, para a versão Viver a Vida, de Malhação. Inclusive, entre 2009 e 2019, fiquei entre idas e voltas de Malhação.

Em 2018, fiz a série "Os dias eram assim". Em 2020, fiz participação na série Sob Pressão e também fiz algumas participações em algumas séries da Netflix. E agora, estou no Mar do Sertão.

5. Como surgiu o convite para Mar do Sertão?

O convite foi maravilhoso, uma benção de Deus, a pandemia deixou a cultura em desespero e o que mais um artista quer é trabalhar. No final de janeiro deste ano surgiu o convite. Fazer a novela de Mario Teixeira é muita gratidão. Eu faço o papel de Ismênia, a governanta da fazenda ela sabe de tudo o que acontece por lá. Ela é casada com o capataz e acaba circulando em tudo. Ela tem paixão por essa família mesmo discordando de muita coisa, vendo de perto o preconceito, ela tem essa gratidão. Ela é uma mulher preta que vive nesse meio porque está acomodada, para ela está ótimo. Estou muito feliz com esse trabalho e Belém e o Pará todo vai se sentir representado pela presença de uma paraense.

6. Para finalizar, qual foi o momento mais difícil dessa trajetória até aqui?

Nessa época que morei em São Paulo, inicialmente fui para a casa dessa amiga da minha mãe, mas depois fui trabalhar e passei a morar em uma pensão. Em um determinado momento fiquei desempregada e fui expulsa da pensão. Eu não quis retornar para Belém e fiquei morando por algumas semanas na rua. Eu passava o dia perambulando e, à noite, dormia no terminal de rodoviário de São Paulo. Não tinha dinheiro para nada, nem para comer, eu catei lixo para me alimentar. Até que um dia, uma pessoa ligada à igreja Batista me acolheu e me levou para a casa de uma família e, a partir disso, voltei a ter alimentação e moradia e fui em busca de aprendizado e do meu sonho.

Fonte: OLIBERAL.COM

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