O estilista Zandro Gurjão, 43, diz estar realizado profissionalmente. Tudo começou há vinte anos, quando ele assinou seus primeiros figurinos dos brincantes da quadrilha junina e boi-bumbá da Rua Mosqueiro, ou Rua da Moca, no conjunto Médice II, no bairro da Marambaia. Em dois anos, o que era uma simples exibição junina virou espetáculo, chegando a reunir duas mil pessoas para assistirem as performances do corpo de baile entre luzes e fumaça.
Considerando-se um estilista nato, Gurjão foi incentivado a desenhar vestidos de noivas e debutantes, mas foi no Carnaval que ele se destacou, chegando a participar do Programa Estrelas do Brasil, da apresentadora Angélica.
"Meu sonho era chegar à Rede Globo, e consegui", destaca. A participação no programa global abriu outras portas para o estilista paraense. Ele já detém um título do concurso Rainha das Rainhas do Carnaval Paraense, conquistado em 2011 com a Rainha do BANCREVEA, e desde 2002 suas fantasias estão entre as dez mais bonitas da festa.
Nacionalmente, Gurjão já foi convidado para desenhar os figurinos de Escolas de Samba do Rio de Janeiro e também do grande Festival das Tribos de Parintins, duas grandes vitrines de festas populares conhecidas internacionalmente pela beleza e luxo das fantasias e alegorias.
Para 2021, a agenda do Carnaval segue normalmente. A expectativa é que até o final do ano, a vacina contra o Novo Corona Vírus, maior causador da COVID-19, esteja liberada e, consequentemente, o controle da pandemia. "Nós estamos muito esperançosos que até o fim do ano esteja liberada a vacina e que nós possamos realizar a festa do Carnaval", afirma. "O Carnaval é grande fonte de renda para milhares de profissionais e não realizá-lo seria um enorme prejuízo", complementa.
Zandro também atua no Carnaval Oficial de Belém e atende ainda as quadrilhas juninas. Ele tem clientes por todo o País e já desenhou os mantos de Nossa Senhora de Nazaré para os Círios da Vigia de Nazaré Bragança. Para a capital paraense, o estilista já se inscreveu no concurso para escolha do estilista, mas ainda não foi classificado. "Isso depende muito de outros fatores, mas um dia quem sabe, terei essa oportunidade", relata. E para driblar a crise provocada pela pandemia, Zandro confeccionou as máscaras personalizadas da Polícia Militar do Pará, do Corpo de Bombeiros e Centros de Estéticas. "Ainda realizamos campanhas de arrecadação de alimentos para atender famílias carentes", conta.
Identidade – Sobre o mercado da moda e suas tendências, Zandro Gurjão observa que, atualmente, não existe um padrão clássico, definitivo. Cada pessoa faz a sua própria moda, usando modelos, confecções, cores, estampas e acessórios que mais lhe convém. O rito é assumir sua identidade como cabelos afros, semelhantes ao da jornalista Maria Julia Coutinho, a Maju, que assumiu a bancada do jornal Hoje. "Não temos mais tendências de moda, hoje é mais a questão de cada um assumir sua identidade. E, eu espero que continue assim, porque é uma forma respeitosa e de liberação cultural", explica.
Outro bom aspecto do estilo livre, segundo Gurjão, é a facilidade para se criar as peças. Tudo fica a critério do cliente, que escolhe os motivos: florais, africanos e a infinidade de cores e formas que o mundo da moda oferece. "Eu tenho o dom, uma luz que me ajuda a criar uma peça, em seguida faço pesquisa do material a ser usado, buscando conciliar qualidade e preço acessível ao cliente", afirma o estilista.
Proprietário do Atelier Zandro&Cia, localizado na Avenida Conselheiro Furtado, em Belém, Gurjão diz que conseguiu conciliar seu talento e a vida financeira. Psicólogo e graduando em Odontologia, o estilista não esconde a felicidade de ter construindo uma carreira sólida e de grande sucesso no mundo da moda paraense e do Carnaval brasileiro.
